III Jornada ABRAP - Seminário Psicoterapia nas Políticas Públicas de Saúde
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Área
PSICOLOGIA DA SAÚDEProcesso
Processos de ComunicaçãoDate
2013-11-18Vídeo
https://www.youtube.com/embed/fOYEkW5CoyoAuthor
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - 6ª Região
Associação Brasileira de Psicoterapia (ABRAP)
Conselho Federal de Psicologia
Metadata
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Fruto de uma parceria entre a ABRAP (Associação Brasileira de Psicoterapia) e o CRP SP, o Seminário Psicoterapia nas Políticas Públicas de Saúde, realizado em 18 de novembro no auditório da sede do Conselho, em São Paulo, e que integrou a programação da III Jornada ABRAP, discutiu o compromisso social da psicoterapia.
Na abertura da atividade, o conselheiro do CFP, Henrique Rodrigues, destacou a pluralidade da psicoterapia e a visão equivocada de que este cuidado é algo que pertence apenas às classes abastadas da população. "A psicoterapia é multidisciplinar e não deve estar descolada da formulação de políticas públicas. Ela deve ter um caráter fomentador dos direitos humanos. O sofrimento não é uma questão individual, mas social", defendeu.
Fundada em 2004, a ABRAP tem como objetivo promover o intercâmbio e a prática de psicoterapeutas em suas mais distintas áreas de atuação. A psicóloga e presidente da instituição, Emília Aparecida Calixto Afrange, apresentou alguns dados: em 68 países do mundo, 78% da população tem acesso a menos de 1 psicólogo(a) por 100 mil habitantes. No Brasil, não há números oficiais, mas consultas prévias revelam que quem atua nesta área acaba sendo o médico clínico geral.
O psicólogo, professor, diretor e fundador da escola de Terapia Familiar da Universidade Autônoma de Barcelona, Juan Luis Linares, classificou como miopia social o descaso com que os órgãos públicos tratam a questão do cuidado, que abrange a psicoterapia, e apontou que este não é um problema existente apenas no Brasil: a Espanha também sofre com isso. Para Linares, o controle é o único fator pensado pelo poder público, o que torna impossível a criação de um sistema amplo de cuidado. "Se pensa o dano psicológico como menor do que o físico. Mas não nos enganemos. Em 99% dos casos, o sofrimento físico é banal se comparado às marcas psicológicas que uma violência ou uma negligência podem deixar", afirmou.
Para ilustrar esta colocação, ele relatou um caso de seu país onde uma criança, depois de recorrentes abusos sexuais cometidos por seu pai, o denunciou, causando a ira da família que a ameaçou pois, além do pai, a mãe também foi presa, por agressão física contra a filha no dia do julgamento do abusador. Uma história em que a própria família cometeu violência contra a menina. "Este é um caso trágico, mas que ilustra como o controle fracassa em uma situação de desestruturação familiar", complementou o psicólogo espanhol.
A presidente do CRP SP, Elisa Zanerato Rosa forneceu um panorama geral da inserção de profissionais da Psicologia na psicoterapia no Sistema Único de Saúde, política pública brasileira que mais emprega estes(as) profissionais. "Mesmo estando em outra atividade, a clínica, com sua diversidade, é constante para o(a) psicólogo(a), pois é onde ele se reconhece e também onde a população reconhece a Psicologia", disse Elisa que destacou também que o CRP SP e todo o Sistema Conselhos tem atuado na ampliação da cobertura da psicoterapia na saúde suplementar, usada por grande parte da população do país.
Acompanhando os debates estava a psicóloga Matilde Neder, profissional histórica da Psicologia no estado de SP. "Fiquei feliz hoje com estas discussões porque há muito tempo atrás trabalhei e lutei muito no hospital para trabalhar psicoterapicamente. Até então era absurdo e as pessoas me olhavam como sendo a esquisita. Mas como o que eu fazia dava certo, fui trabalhar como psicóloga, em um tempo em que a área sequer era reconhecida como profissão. Sem saber, estava sendo pioneira neste tipo de trabalho no hospital".
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